quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
sábado, 31 de outubro de 2009
<<<<>>>>><<<<<>>>>>
“ ‘Não desejarás a mulher do próximo’.
E a mulher do próximo pode me desejar?
E se desejo o próximo ou se ele me deseja?
E se o próximo não deseja a mulher dele?
E se a mulher do próximo não deseja a ele?
E se os três nos desejamos?
E se ninguém deseja ninguém?
E se minha mulher deseja a mulher do próximo?
E por que não o próximo?
E se o próximo deseja minha mulher?
E se eu desejo a minha mulher e a do próximo?
E se ambas me desejam?
E se todos nos desejamos?
Sempre aparecerá alguém para dizer:
‘Vamos parar por ai, pára por ai
Não desejarás, não desejarás e ponto final’ ”.
(Sérgio Kohan)
domingo, 25 de outubro de 2009
Desumano
domingo, 4 de outubro de 2009
Dias Ordinários
domingo, 13 de setembro de 2009
Eu, um menino
Eu sou uma mulher que não entende mulheres. Talvez por ter crescido com dois irmãos, vários primos e muitos amigos meninos. Nunca fui de subir em árvores, jogar futebol ou fazer coisas tipicamente masculinas. Na verdade eu era frágil como qualquer outra menina, mas sempre admirei, com uma ponta de inveja, o instinto desbravador, o ímpeto, a força e companheirismo masculino. E aquela tal mania de quebrar para depois consertar. Nos meninos tudo era lindo, dos mais brutos aos mais sensíveis. Pois que em meio a toda esse energia, sempre havia uma maneira de torná-la branda. Dissipá-la. Porém, para mim, entre meninas era um ambiente de hostil delicadeza . Estranho combinar o hostil e o delicado, mas entre meninas tudo é possível, incoerente, dramático, intenso. Lá, nesse mundo de meninas, os gritos e risadas de alegria, as cores, as conversas, as briguinhas típicas, entre tantas outras coisas típicas de meninas, geravam uma energia que não se dissipava facilmente. Que não se calava. Como se se movessem com mais rapidez, e eu nunca estivesse pronta a acompanhá-las, nem elas dispostas a esperar. Enquanto, entre meninos eu era mais um, entre ela eu era apenas expectadora. Assustada, assim como quem se deslumbra pela paisagem que desconhece, para então perceber que está perdido. Como um dos meninos, descobri que meninas são seres atraentes, enevoadas numa uma delicadeza, que dissimulava a hotilidade, força, rudeza até. Se sou sensível, essa é minha metade menino.
sexta-feira, 12 de junho de 2009
Amores Bobos
sexta-feira, 5 de junho de 2009
05061979
São três horas da madrugada. Não consegui adormecer. Deitei, sentei, tornei a deitar, por fim levantei. Não é fácil envelhecer. Já não me sinto a mesma, embora pouco tenha mudado. É esse pouco que me incomoda. Pois do pouco que me conheço, já percebi que gosto muito de mudar. O que aconteceu? A resposta se perdeu no passado. Fato estranho citá-lo, pois não havia pensado nele ainda. Não hoje. Não até agora. Hoje não procurei respostas. Hoje pensei apenas no presente e no futuro imediato. Não posso esquecer-me de comprar leite. Então percebi que não entendo. Que estou só a escrever. Que de mim sei quase nada. Sou nome numa certidão, número no registro geral, senha no banco. Sou idéias soltas, palavras ao vento, pensamentos desconexos. Sou um projeto sem conclusão. Sou como uma obra parada, deteriorando-se a volatilidade do tempo. Há algo mais solitário, triste, que sentir-se uma promessa? Será que minha mente dissonante um dia se cumprirá?
quinta-feira, 4 de junho de 2009
Constancia
Constancia. Escrevo cartas à Constancia, mas depois desisto e escrevo curtos e-mail, com mensagens curtas para não complicar. Escrevo “oi”, “como vai?”, “muitas saudades”. Entra as notas de saudação e de despedida, falo sobre os dias. De nada adianta enviar cartas, sempre terminam desatualizadas. Eu falo ao telefone. Estou sempre ansiosa. A única certeza que tenho sobre mim é que sou imediatista. Pena que nada, absolutamente nada, é de imediato. Toda a força de um evento se forma antes, muito antes, e enfim chega ao seu ápice. Acontece. Como se fosse uma surpresa. Mas não é que nos surpreendemos? Espantoso.
quarta-feira, 3 de junho de 2009
Eu
Sou eu que sonho acordada. Eu que não suporto o mundo. Que quando deito não descanso. Ah, se eu parasse de sonhar o sonho alheio e pudesse sonhar meu próprio sonho. Olharia no espelho e veria, Eu, o mundo.
segunda-feira, 1 de junho de 2009
Meu Kitsch
domingo, 17 de maio de 2009
<<<<<<<<
Sentimental eu sou, eu sou demais

Não me importo em ser tão à moda antiga. Não importa que o mundo pense que sou anacrônica. Eu sou um muito como ele. Ele fala mais alto em mim.
Naquilo que ele me disse eu confio:
_Sim, seja correta.
_Este é seu nome, seu bem maior.
_ Cegueira é não sabe ler.
As histórias que eu ouvi mais de uma vez. Essas que eu fingi sempre ser a primeira vez. Eu gravei cada sobrenome: os Rugeros, os Rudrigues, Os Ferrera. Perdoe-me se só lembro as personagens agora.
Ouvimos Nelson Gonçalves, ouvimos Luiz Gonzaga, ouvimos Altemar Dutra. Eu o entendia tão pouco. Ele era de outro tempo. Ele me disse coisas que só agora entendo. Ele é meu bem maior. Ele nunca foi. Nem irá. Está aqui. Eu sou ele. E cada um que me amar será um pouco ele também.
E eu dizia: “Vamos ouvir aquele disco?” Ele falava tão pouco. Apenas consentia. E nós o ouvíamos.
“Vestida de azul e branco
Trazendo um sorriso franco
No rostinho encantador
Minha linda normalista
Rapidamente conquista
Meu coração sem amor...”
terça-feira, 12 de maio de 2009
Vestígio
Ela se perdeu em milhares de bilhetes. Entre milhares que outros escreveram. Pois dela mesmo recebi apenas um. Não o guardei com zelo. Não o escolhi como o meu favorito. Não o tenho guardado numa caixa com seus pedaços de lembranças. Ficou jogado. Dela só guardo a voz. Caso o mundo se apagesse agora para mim. Caso faltasse luz. Saberia me encontrar. Bastaria ouvir-lhe novamente.
quarta-feira, 6 de maio de 2009
sábado, 2 de maio de 2009
quarta-feira, 29 de abril de 2009
Pra quê a foto?

Não é necessário fotos para saber o valor da vida. Fotos assim servem como registro histórico de uma herança maldita. Se já há muito se faz necessário que nos mostrem fotos e relatos dramáticos para nos sentirmos compadecidos é por motivo da vida já nos valer muito pouco ou quase nada. É suficiente saber apenas que outro sofre, sem headlines e sem fotos. Uma vida tirada, uma vida vivida em miséria são duas faces da mesma moeda. Fotos assim tem um valor imenso em dinheiro nas agencias de notícias como a Reteurs. A vida não pode ser um Pulitzer numa estante. Para um ser humano consciente, a vida (ou morte) não é produto, então não pode ser comercializada. A vida, obviamente, não tem preço, não tem um valor traduzido em câmbio. A vida tem um valor moral. Isso é imensurável.
Quando Morri
Estar a morrer é estar à deriva. É estar perdido ao mar. Sentir-se ir com dúvidas de retornar. Eu só numa azul imensidão. É estranho e solitário. Havia sim um quê de tristeza, contentamento e alívio. Havia apenas ligeiros estímulos, sensações e saudades dos que ficavam. Pensei que talvez devesse dizer adeus, mas não poderia. Apenas desejei que ela, a morte, viesse sem balbúrdia. Que viesse como um acalanto.
Morrer é simples. Continuo eu na complicação de cada dia e dessa morte me sobrou apenas um lado para rir de um certo ditado: “Se Deus nos deu dois ouvido...” Eu, tenho a exclusividade de poder falar tanto quanto ouço.
Palíndromo

Esqueci de te dizer uma coisinha: adoro escrever. Se escrevo certo ou errado. Se escrevo cartas aos rios ou ao vento. Escrevo. Escrevo sempre, mas nunca escrevo em vão. Nada move mais meu pensamente que uma caneta e um papel, nem que seja um papel de pão. E escrevo rapidinho. Eu tento esvaziar meu coração. Mas Ana, não consigo. Meu coração continua cheio. Às vezes de solidão, às vezes de mim mesma... E de outros então!
Ontem foi um desses dias (ou noites...). Quando o coração já não cabe em si e quer transbordar. Seja de alegria ou de uma tristezinha estranha, que eu nem sei donde vem. A única certeza que eu tinha era que essa tristeza nem era minha. Mas sabe-se lá como, lá ela estava. Essa tristezinha veio sem aviso e ficou. Ficou. Nem sei o que eu havia deixado escapar. Nessas horas me falha a lembrança. Eu já sabia que não era minha. E agora? Tristeza não se devolve. Pensei: “E se acho o dono dessa tristeza? O que faço?”
Quis encontrar o dono da danada, não para devolvê-la, mas para apaziguá-la. Para levá-la, como enxurrada, rua afora. Pensei mais um pouquinho. Pensei que tom de voz diz mais do que se quer revelar. Pensei que talvez isso fosse uma tristeza enfadada, cansada. Cansada de tanto lutar, cansada de trabalhar, cansada de esquecer ou assim querer. Já não me importava. “_Achei!” Pensei tão alto. Alto para meu coração ouvir. Para dizê-lo: “_Ei! Achei! Não te preocupas não.” Que importa? Meu coração vive independente da razão.
Então Aninha, meu coração de Charlie Brown – ingênuo, bobo e desastrado – acredita que um bombom é uma ajuda. Mais que ajuda, é um recado. No sabor dele está escrito: fique bem. Adoro-te. Conta comigo.
segunda-feira, 27 de abril de 2009
Revolução e Seu Caminhos
Houve uma revolução. Eu não percebi. Embora eu tenha sido a força motriz de toda essa mudança. Não percebi, pois a revolução foi fruto de uma necessidade latente. Estava contida em gestos calculados e raciocínios sistemáticos, pensamentos por cima de pensamentos, empilheirados em meu caminhar sobre ovos. Fizeram marchas e protestos, agiram em meu entorno exigindo mudanças. Gritaram e levantaram faixas. Havia de ser uma revolução, não uma simples reforma. “Revolucionários sim, reformistas jamais!”. Consenti. Afinal era certo que reformas seriam apenas paliativos.
O governo ainda não se estabeleceu por completo. Ainda receia e balbucia. Ainda teme seguir o curso normal e fluir. Lá por onde eu sei que ganharei gloriosos afagos. Eu, o governo, ainda hesita e desculpa-se por seguir seu rumo, sentimental ou geográfico, e ser espontâneo e por lá transitar sem maiores preocupações. Quis retorna.
A diplomacia é algo que ainda desconheço. Fui demasiado comedida no passado. Acabou em vício. Mas oras! Lá era meu passeio público, sempre o foi. Se um dia tivesse escolhido não revolucionar, estaria lá, eu e meu caminho e jamais hesitaria em seguir. Porém minha terra seria inóspita. Optei por seguir, ainda que embaraçada (talvez fosse medo de ser lida ao contrário), um pedacinho de conforto onde não precisava ser tão temerosa. Onde um olá, não é nada mais que um olá, onde cumprimentos e palavras são exatamente o que são.
Parei, Falei, mas ainda me expliquei, acho que corei mesmo ao dizer a verdade. Pensei: “o que pensarás de mim, oh terra estrangeira?” Que bobagem. Quis rir de mim mesma. Descobri, sem querer, nem mesmo procurar, novas terras. Terras estrangeiras como aquelas que conheci quando criança, mas que me perdi quando entrei em outros mares. Mares de mapas, bússolas e precisão.
Como somos tolos quando nos tornamos adultos!
quinta-feira, 9 de abril de 2009
gatopontoconto
terça-feira, 31 de março de 2009
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
Elas
Adoro as grandes descobertas delas. Do jeito que vão desenvolvendo o as idéias, o censo crítico, discernir o que é certo do que é errado. Dos questionamentos simples que elas fazem e como elas mesmas os respondem. Elas levantam grandes questões sobre a vida. Para filosofar você tem que virar criança novamente. Pegar a raiz da questão. Crianças desenham os pensamentos, desenham a importância deles. Desenham casa, amigos, brincadeiras, família, desenham os problemas. Eu aprendo com as crianças a grande importância das coisas simples.