domingo, 17 de maio de 2009

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Há dias que o mundo nos lê ao avesso. Não como um palíndromo, mas como um antônimo.

Sentimental eu sou, eu sou demais

Não me importo em ser tão à moda antiga. Não importa que o  mundo pense que sou anacrônica. Eu sou um muito como ele.  Ele fala mais alto em mim.

Naquilo que ele me disse eu confio:

_Sim, seja correta. 

_Este é seu nome, seu bem maior.

_ Cegueira é não sabe ler. 

As histórias que eu ouvi mais de uma vez. Essas que eu fingi sempre ser a primeira vez.  Eu gravei cada sobrenome: os Rugeros, os Rudrigues, Os Ferrera. Perdoe-me se só lembro as personagens agora.

Ouvimos Nelson Gonçalves, ouvimos Luiz Gonzaga, ouvimos Altemar Dutra. Eu o entendia tão pouco. Ele era de outro tempo. Ele me disse coisas que só agora entendo. Ele é meu bem maior. Ele nunca foi. Nem irá. Está aqui. Eu sou ele. E cada um que me amar será um pouco ele também.


E eu dizia: “Vamos ouvir aquele disco?” Ele falava tão pouco. Apenas consentia. E nós o ouvíamos.

 

“Vestida de azul e branco
Trazendo um sorriso franco
No rostinho encantador
Minha linda normalista
Rapidamente conquista
Meu coração sem amor...”

terça-feira, 12 de maio de 2009

Vestígio

Ela se perdeu em milhares de bilhetes. Entre milhares que outros escreveram. Pois dela mesmo recebi apenas um. Não o guardei com zelo. Não o escolhi como o meu favorito. Não o tenho guardado numa caixa com seus pedaços de lembranças. Ficou jogado. Dela só guardo a voz. Caso o mundo se apagesse agora para mim. Caso faltasse luz. Saberia me encontrar. Bastaria ouvir-lhe novamente.