quarta-feira, 29 de abril de 2009

Pra quê a foto?

Não é necessário fotos para saber o valor da vida. Fotos assim servem como registro histórico de uma herança maldita. Se já há muito se faz necessário que nos mostrem fotos e relatos dramáticos para nos sentirmos compadecidos é por motivo da vida já nos valer muito pouco ou quase nada. É suficiente saber apenas que outro sofre, sem headlines e sem fotos. Uma vida tirada, uma vida vivida em miséria são duas faces da mesma moeda. Fotos assim tem um valor imenso em dinheiro nas agencias de notícias como a Reteurs. A vida não pode ser um Pulitzer numa estante. Para um ser humano consciente, a vida (ou morte) não é produto, então não pode ser comercializada. A vida, obviamente, não tem preço, não tem um valor traduzido em câmbio. A vida tem um valor moral. Isso é imensurável.

Quando Morri

Estar a morrer é estar à deriva. É estar perdido ao mar. Sentir-se ir com dúvidas de retornar. Eu só numa azul imensidão. É estranho e solitário. Havia sim um quê de tristeza, contentamento e alívio. Havia apenas ligeiros estímulos, sensações e saudades dos que ficavam. Pensei que talvez devesse dizer adeus, mas não poderia. Apenas desejei que ela, a morte, viesse sem balbúrdia. Que viesse como um acalanto.

 

Morrer é simples. Continuo eu na complicação de cada dia e dessa morte me sobrou apenas um lado para rir de um certo ditado: “Se Deus nos deu dois ouvido...” Eu, tenho a exclusividade de poder falar tanto quanto ouço. 

Palíndromo




Esqueci de te dizer uma coisinha: adoro escrever. Se escrevo certo ou errado. Se escrevo cartas aos rios ou ao vento. Escrevo. Escrevo sempre, mas nunca escrevo em vão. Nada move mais meu pensamente que uma caneta e um papel, nem que seja um papel de pão. E escrevo rapidinho. Eu tento esvaziar meu coração. Mas Ana, não consigo. Meu coração continua cheio. Às vezes de solidão, às vezes de mim mesma... E de outros então!


Ontem foi um desses dias (ou noites...). Quando o coração já não cabe em si e quer transbordar. Seja de alegria ou de uma tristezinha estranha, que eu nem sei donde vem. A única certeza que eu tinha era que essa tristeza nem era minha. Mas sabe-se lá como, lá ela estava. Essa tristezinha veio sem aviso e ficou. Ficou. Nem sei o que eu havia deixado escapar. Nessas horas me falha a lembrança. Eu já sabia que não era minha. E agora? Tristeza não se devolve. Pensei: “E se acho o dono dessa tristeza? O que faço?”


Quis encontrar o dono da danada, não para devolvê-la, mas para apaziguá-la. Para levá-la, como enxurrada, rua afora. Pensei mais um pouquinho. Pensei que tom de voz diz mais do que se quer revelar. Pensei que talvez isso fosse uma tristeza enfadada, cansada. Cansada de tanto lutar, cansada de trabalhar, cansada de esquecer ou assim querer. Já não me importava. “_Achei!” Pensei tão alto. Alto para meu coração ouvir. Para dizê-lo: “_Ei! Achei! Não te preocupas não.” Que importa? Meu coração vive independente da razão.


Então Aninha, meu coração de Charlie Brown – ingênuo, bobo e desastrado – acredita que um bombom é uma ajuda. Mais que ajuda, é um recado. No sabor dele está escrito: fique bem. Adoro-te. Conta comigo.


segunda-feira, 27 de abril de 2009

Revolução e Seu Caminhos

àqueles que se mativeram simples como crianças            


Terras Estrangeiras,


Houve uma revolução. Eu não percebi. Embora eu tenha sido a força motriz de toda essa mudança.  Não percebi, pois a revolução foi fruto de uma necessidade latente. Estava contida em gestos calculados e raciocínios sistemáticos, pensamentos por cima de pensamentos, empilheirados em meu caminhar sobre ovos. Fizeram marchas e protestos, agiram em meu entorno exigindo mudanças. Gritaram e levantaram faixas.  Havia de ser uma revolução, não uma simples reforma. “Revolucionários sim, reformistas jamais!”. Consenti. Afinal era certo que reformas seriam apenas paliativos.

O governo ainda não se estabeleceu por completo. Ainda receia e balbucia. Ainda teme seguir o curso normal e fluir. Lá por onde eu sei que ganharei gloriosos afagos. Eu, o governo, ainda hesita e desculpa-se por seguir seu rumo, sentimental ou geográfico, e ser espontâneo e por lá transitar sem maiores preocupações. Quis retorna.

A diplomacia é algo que ainda desconheço. Fui demasiado comedida no passado. Acabou em vício. Mas oras! Lá era meu passeio público, sempre o foi. Se um dia tivesse escolhido não revolucionar, estaria lá, eu e meu caminho e jamais hesitaria em seguir. Porém minha terra seria inóspita. Optei por seguir, ainda que embaraçada (talvez fosse medo de ser lida ao contrário), um pedacinho de conforto onde não precisava ser tão temerosa. Onde um olá, não é nada mais que um olá, onde cumprimentos e palavras são exatamente o que são.

Parei, Falei, mas ainda me expliquei, acho que corei mesmo ao dizer a verdade. Pensei: “o que pensarás de mim, oh terra estrangeira?” Que bobagem. Quis rir de mim mesma. Descobri, sem querer, nem mesmo procurar, novas terras. Terras estrangeiras como aquelas que conheci quando criança, mas que me perdi quando entrei em outros mares. Mares de mapas, bússolas e precisão.

Como somos tolos quando nos tornamos adultos!

 

quinta-feira, 9 de abril de 2009

gatopontoconto

Gatopontoconto tem uma proposta genial. A primeira a vista parece um blog apenas dedicado aos gatos, ótimo assunto por si só, porém o blog vai muito além. Upa nos convida à refletir  sobre nosso próprio comportamento por intermédio dessas curiosas criaturas. Nós e nossos amigos gatos, cães, tartarugas etc. Lembramos: tal pai, tal filho! (e, curiosamente, vice-versa)